quinta-feira, 1 de outubro de 2009

MEDO - Lutar ou fugir?

Medo da morte, medo da vida, medo da má sorte, medo de perder o emprego, medo de ser assaltado, medo de envelhecer, medo de ter medo. Medo do escuro, medo da luz. Medo de altura, medo de engordar, medo de errar, medo de perder...

Segundo especialistas, o medo é um sentimento que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. O medo pode provocar atenção exagerada a tudo que ocorre ao redor, depressão, pânico, etc. Esta reação inicial dispara uma resposta fisiológica no organismo que libera hormônios do estresse (adrenalina, cortisol) preparando o indivíduo para lutar ou fugir.

Lutar ou fugir?

O primeiro relato sobre o medo aparece nas Escrituras Sagradas como resultado do pecado, o homem separado de Deus (Gn 3:10). O salmista Davi contrabalanceia seu medo com a confiança em Deus: “Em qualquer tempo em que eu temer, confiarei em ti.” (Salmo 56:3). Ele não diz que não terá medo, porém apresenta um refúgio, é como dizer: “sempre que tiver fome, comerei um suculento bife acebolado”. Sei que parece uma comparação simplória, e é! Mas é assim que mesmo que somos estimulados por Deus a vencer o medo. Está com sede? – beba água! Está com medo? – confie em Deus! O garoto que derrotou o gigante não escondeu em segredo o que afugentava seu medo: “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” (Sl 27:1)

O apostolo João também revela seu abrigo contra o medo: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1 Jo 4:18). Essa arma contra o medo não é diferente do Refúgio utilizado por Davi, pois João o apresenta assim: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” (1 Jo 4:8). João lança fora o medo ao descobrir que sua origem vem do pecado, a separação do homem e seu Criador, e que através do sacrifício de Cristo nos unimos a Ele: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 Jo 4:16).

O ator Charles Chaplin expressou: “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”. Mas seria possível viver a vida sem medo?

O mar estava extremamente agitado, a noite fria e tenebrosa, o pequeno barco era arremessado pelas ondas, e os discípulos estavam terrificados. Como se não bastasse, um vulto se move sobre as águas. “E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” (Mt 14:26-27). Fico pasmado com a instantânea atitude de Pedro, ao constatar que era Jesus quem caminhava sobre as ondas, Pedro deixou de lado o medo, e foi ao seu encontro. Se aproximar de Jesus supera o medo do mar revolto, e nos leva a caminhar sobre as águas (Mt 14:28-29).

O Senhor nos encoraja dizendo: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Is 41:10). Repare que o segredo é simples: “estar com Deus”, mas e se Ele nos abandonar no meio do caminho? – Foi para nos alforriar do medo que Jesus fez a promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28:20b). Chego à conclusão que o caminho mais certeiro para fugir do medo é aquele que vai em direção a Deus, que nos aproxima da Verdade e da Vida. Qual é esse caminho?! “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6).

William Shakespeare observou: “Não é digno de saborear o mel aquele que se afasta da colméia com medo das picadelas das abelhas”. Para enfrentarmos o medo, teremos que desce do barco, mesmo que isso implique em ter que andar sobre o mar. O mar representa as circunstâncias de vida, as águas que estão calmas são as mesmas que se agitam com o vento, o barco por sua vez, representa as frágeis coisas em que nos apoiamos, dinheiro, emprego, amigos, força física, poder, entre outros, mas que são todos sacudidos pela força das ondas. Nosso desafio é deixar de confiar nesta coisas e caminhar em direção a Cristo, “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1Pe 5:7). Podemos dizer que: “Quem tem receio de deixar o barco nunca provará o mel”. Na célebre frase de Ayrton Senna: “O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação”.

Nas palavras do sábio Albert Einstein: “Evitar a felicidade com medo de que ela acabe, é o melhor meio de se tornar infeliz”.

“Mas, agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome; tu és meu. Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” (Isaías 43:1-2)

Ev. Elias Codinhoto